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CAPTURANDO SONHOS PELO POKEMON GO

     

 Quatro de agosto de 2016, no melhor clima de tensão que poderia compor a cena, o dia era nublado. Há rumores que haveria uma greve da polícia ou algo assim, mas não era por isso que a maioria das pessoas andava pela Ulbra aficcionadas no celular, quase sem sorrir, de tão concentradas. Pokémon Go havia sido lançado.

       Claro que a situação da segurança na Grande Porto Alegre não está da melhores e muitas pessoas estavam preocupadas com sua vida, mas isso não as impediu de sair de casa com o celular exposto, jogando. Aquele sonho de se tornar um mestre Pokémon nunca se tornou tão próximo – quer dizer, possível. Não haveria risco grande o suficiente que impediria os fãs do desenho de tentar capturar os tão aguardados monstros.

       É um tanto curioso isso. Que viver nos expõe a muitos riscos é de conhecimento geral, mas facilitar o roubo de uma forma tão aberta é um tanto imprudente. Por o quê estaríamos nos arriscando, na realidade? Essa febre mundial levou muitos jovens a recordar de sua infância. Aquela lembrança de acordar cedo só para ver desenho, sem grandes preocupações, só se o Ash conseguiria atingir seu objetivo. Estamos nos arriscando por sonhos de infância.

       Quantos sonhos deixamos de lado? Quantas coisas deixamos de fazer porque ficamos esperando uma atuação externa, por alguém facilitasse a nossa vida para só então agir? Não sei se consigo mais esperar para capturar os Pokémons da minha vida. Não quero mais ficar nesse espaço sombrio que chamamos de zona de conforto. Sair à caça dos nossos objetivos é muito mais divertido.

POR ANA SZEZECINSKI

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