top of page

POLIMENTO POLÍTICO

 

      Quero falar sobre política. Não vou começar a incomodar com um texto politicamente correto ou hiper partidário, como a maioria das pessoas tem feito ao vivo e pelo facebook. Particularmente, isso me cansa. É o mesmo discurso de ódio, independente do veículo do manifesto. O principal argumento de qualquer lado: meu candidato é melhor que o seu porque o seu é um pilantra. Galera, esse é um contra-argumento horrível. Não sabemos retrucar valorizando o que nosso favorito tem de bom, mas o que o opositor tem de mal.

    Grande parte dos eleitores jovens não viveu os anos 90 cônscios o suficiente para definir se a atuação de um político foi boa ou não. Quiçá viveu o final de 1985 e têm consciência do que foi os horrores dos Anos de Chumbo. Argumentos históricos são usados para reduzir a imagem de alguém, baseado em lembranças de acontecimentos que os interlocutores não viveram. A necessidade de falar com os mais experientes tem se tornado cada vez mais presente, mas quem viveu crises que marcaram a história de nossa pátria, vive hoje em um contexto completamente diferente. As ideias precisam de um refinamento, que somente o debate entre gerações diferentes pode causar.

      Esse atrito efervescente é motivador. Não me leve a mal, não gosto de discussões e detesto brigas. No entanto, é inegável afirmar que do caos sempre é criado algo novo: seja nova visão de mundo, seja tolerância para ouvir opiniões tão diferentes. Vivemos em uma sociedade, ora, tratemos de pensar como uma. Ou pensamos individualmente em uma coletividade ou pensamos na coletividade e esquecemos o individual – qual é a grande dificuldade de conciliarmos ambas visões? Passamos muito tempo brigando, sem a intenção de encontrar soluções.

      Não sabemos o que esperar da política, porque sabemos que não basta vivermos de utopias. Estamos, nestes últimos anos, reaprendendo a conviver. Reaprendendo a ouvir. O atrito nos modifica, mas para que seja benéfico, precisamos estar dispostos a polir nossa mente com ele.

POR ANA SZEZECINSKI

Cabeça Colorida
A semana e suas drogas
OUTRAS CRÔNICAS
bottom of page