QUERO SER QUE NEM ELAS
Abri o Facebook e encontrei outro post sobre movimentos feministas, como sempre tendo uma visão generalizada, pejorativa e com um recorte errado da situação. Suspirei fundo, tentei controlar meus pensamentos de indigna-ção e tentei analisar o que aquilo significava para mim.
Esse meu amigo de rede social não só esteriotipava o movimento, mas pré-estabelecia um comportamento de mulher. Como uma moeda que cai e finalmente revela se é cara ou coroa, percebi que várias vezes já tinha julgado, silenciosamente ou não, a conduta de uma irmã de gênero - principalmente com a frase “Eu não sou que nem elas”.
Mesmo que o comentário do Facebook tenha sido uma afronta para o que acredito hoje e como me posiciono na questão de liberdade de expressão feminina, talvez o que mais tenha me incomodado foi pensar que um dia já comunguei da ideia de que uma mulher deve “se dar o respeito”. Acredito que experiências que passei me auxiliaram a abrir minha mente para novas opiniões, jeitos de ser e de encarar a vida. Se minha mente muda, minha conduta muda - e entendo que não há motivo para “dar respeito”, visto que já é dela(s) por direito.
Tolerância não é a mesma coisa que aceitação passiva. Gentileza não é a mesma coisa que falta de firmeza. Perceber o lugar de fala dos autores de pensamentos preconceituosos não é concordar com eles, é entender que o ser humano tem limitações e torcer para que haja uma mudança. Despotencializar o ódio me auxiliou a mudar o pensamento ao longo dos anos. Viver a vida numa tentativa de não condenar condutas que são diferentes das minhas é difícil, mas é assim que pretendo continuar tentando “ser que nem elas”. Aliás, sobre meu caro amigo de Facebook, mandei energias positivas para ele – e continuei a rolar o feed de notícias.
POR ANA SZEZECINSKI