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ENCONTROS INUSITADOS DA FEIRA

        

       Acho a Feira do Livro um evento fantástico. Espero ansiosamente por ela todos os anos. Veja bem, tenho o sonho de ter uma biblioteca pessoal – sem, necessariamente, emprestar meus livros para qualquer um. Então, é o momento de novas aquisições para o acervo, além da descoberta de novos autores – ano passado, por exemplo, descobri Leonardo Padura, um cubano que escreveu um livro sobre os últimos anos de Trostki.

       Gosto do ambiente da Feira. Poder ir em eventos como a contação de histórias, o debate com autores e peças de teatro ali, logo ao lado de bancas de editoras, é lindo. A agitação da semana, as constantes tarefas e as notificações de redes sociais somem (ou ao menos ganham uma pausa) por alguns instantes e só existisse aquele momento. A hora de descobrir mundos novos, contidos na formação de textos.

   Curiosamente, vários amigos meus compartilham do mesmo sentimento. A visita à Feira do Livro é algo quase que sagrado. Encontrei pelo menos cinco conhecidos que não via há meses. Quer dizer, será que todo mundo resolveu aproveitar o domingo ensolarado para um passeio numa Praça?

      Não que eu não tenha gostado de vê-los, mas foi muito inusitado. Comecei a pensar quando foi a última vez que tinha visto cada um: a última conversa, onde conversamos e claro, como era a minha vida naquela época. Eu me preocupei mais em como eu era do que como eles estavam. Ora, nunca quis nenhuma dessas pessoas mal, só não foram significativas o suficiente para eu mandar uma mensagem de vez em quando, perguntando como estavam. Elas também deveriam compartilhar desse sentimento.

       Ainda assim, fiquei muito feliz de encontrar cada uma delas e, se for avaliar pelas suas reações, sentiram a mesma coisa. Pessoas do nosso passado fazem isso, às vezes. Aparecem do nada, em locais que costumávamos ir e nos fazem pensar sobre tudo que já aconteceu na vida. Posso não ter mantido contato com elas durante esse intervalo, mas elas fazem parte da minha história. Eu me senti bem em perceber isso.

       Com um abraço em cada conhecido, descobri algo que a Feira me ensina todo ano: escrevo minha própria história todos os dias.

POR ANA SZEZECINSKI

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