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Saber o que se quer fazer é o trunfo no Congresso de Estratégia Criativa



Um dia voltado para instigar e fomentar a criatividade dos porto alegrenses. Assim foi o Congresso de Estratégia Criativa, que ocorreu no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, na última segunda-feira (20). Ao todo, foram oito palestrantes, nacionais e internacionais, que trouxeram suas experiências e ideias que foram postas em prática e que trouxeram resultados positivos para suas agências e negócios. Para os palestrantes internacionais, o público contava com tradução simultânea.


A ideia do evento deu certo, pois os inscritos puderam acompanhar grandes nomes da comunicação mundial, visando criar uma rede de planejadores altamente capacitados para entender do mercado mas, além disso, entender o mundo a sua volta e o que pode ser utilizado nas suas produções.


Nós, aqui da Agex participamos do evento e trouxemos uma série de ideias novas, depois deste grande evento. Confira aí o resumo de cada um dos palestrantes.


Sr & Sra Yacob, o casal que entende de comunicação

Com uma abertura internacional, o casal Faris e Rosie Yacob mostraram, no palco do teatro, a importância de captar e reter a atenção do público, principalmente em um momento onde tudo distrai rapidamente. Extremamente ativos, Faris e Rosie conseguiram, de fato, atrair a atenção do público com vídeos, fotos e interações. Eles trouxeram exemplos para mostrar que sim, é possível conseguir manter o foco. Foi assim, com um vídeo, eles pediram para que todos contassem quantos passes um grupo de pessoas


fazia, com uma bola de basquete. O resultado que a maioria chegou foi que eram 13 passes no entanto, enquanto os passes eram trocados, uma pessoa fantasiada de urso passou no meio, sem que ninguém percebesse.


Para finalizar, o casal trouxe para o debate o quanto a publicidade digital age massivamente e de forma invasiva na vida das pessoas, causando uma má impressão dos clientes anunciantes.




Não é mais sobre ser a melhor, mas sobre o impacto que está sendo causado no mundo

A segunda convidada da manhã foi a coreana Hui Jin Park, que fala um português impecável. Já é a quarta vez que ela participa do evento e nesta edição falou sobre relevância. A consultora independente nasceu na Coreia do Sul, mas mora no Brasil, onde trabalhou em agências como McCann Ericksson, Talent e DPZ.


Park destacou a importância de saber analisar o mundo a sua volta, não somente as pessoas, e retirar aquilo que pode ser relevante para o seu trabalho. Segundo ela, saber distinguir aquilo que gera valor é fundamental para a sobrevivência no mercado. Não se trata mais de ser a melhor e maior marca, mas do impacto que está sendo provocado no mundo. “Eu não quero estar fazendo um trabalho em que as pessoas pagam para não ver”, essa foi uma das falas mais marcantes da palestra. Park falou sobre as propagandas exageradas e a adesão de muitas pessoas a ferramentas como o “AdBlock”. Segunda ela, é necessário entender o público, mas não só baseado em levantamentos desatualizados. A consultora usou como exemplo as blogueiras, que pedem constantemente feedback dos seguidores e, como consequência, possuem informações quentes sobre o desejo do consumidor.



Durante a palestra, ela também falou sobre os limites entre jornalismo, publicidade e entretenimento. Segundo ela, essa divisão está cada vez mais fluida. Para ela, apesar de todos esses profissionais estarem disputando o mesmo lugar, podem aprender muito uns com os outros. Por fim, Park falou sobre representatividade. “Precisamos ter também héteros, brancos e homens falando sobre homossexuais, negros e mulheres”, afirmou.


Micro revoluções e conexões como forma de mudar o mundo - Levi Novaes

Trazendo a sua história de vida e de como o Mooc, um grupo que atua de forma coletiva em comunicação, Levi Novaes trouxe a base do negócio do qual faz parte. Segundo ele, são com micro revoluções e conexões que o mercado, e o mundo também, alcançarão o melhor. “A Mooc trabalha com isso, com a troca de informação e conhecimento entre os seus membro. Eu entendo de algo que você não entende, mas você tem uma vivência que eu posso não ter. Assim trabalhamos em conjunto e criamos algo. Essa é a nossa ideia”, declarou o publicitário.


Mas, além de buscar esta conexão e mudança, Levi trouxe outro ponto importante em que a Mooc trabalha. Muito além de produzir algo voltado para a diversidade, a agência busca ressignificar o olhar sobre os jovens negros, ampliando o alcance de suas vozes e dando destaque aos mesmos. Aqueles que se arriscaram e ousaram em contratar o serviço da Mooc obtiveram bons resultados, foi assim com a Skol, em 2017, que buscava um reposicionamento. A partir disso, uma edição especial, batizada de Skolors, onde foram adotados cinco tons diferentes de cerveja, alusivos às diferentes cores de pele e diversidade que constitui a população brasileira, diferente do amarelo habitual.


O Jacaré que virou Silva


A parte da manhã foi encerrada com chave de ouro pela presença de Clariza Rosa. A publicitária e sócia da empresa carioca Jacaré Modas, trouxe para o evento a palestra “Comunicação no presente: o que você não estava esperando encontrar”. A conversa debateu o impacto dos negócios na vida das pessoas e a potência criativa encontrada nas periferias.


Clariza falou sobre a mudança no perfil do jovem brasileiro e as transformações que isso provocou na publicidade. “Vocês esperavam ter que retirar campanhas inteiras do ar porque gerou uma repercussão enorme vindo do público por falta de representatividade e noção de realidade?", questionou. A jovem também destacou a necessidade das agências estarem abertas para ouvirem vozes que nem sempre estavam esperando ouvir. Segundo ela, as marcas têm uma responsabilidade social muito grande e as pessoas não estão mais dispostas a ficarem caladas.


A jovem empreendedora usou o case da Jacaré Modas para explicar a potência criativa encontrada nas periferias. A marca se baseia em empoderamento econômico, descentralização do conhecimento e fortalecimento de identidade. A empresa busca potencializar jovens da periferia por meio da moda. Mais do que apenas usá-las em campanhas, o objetivo é fazer com que entendam porque estão na periferia e qual o seu papel como mulher negra na sociedade. A partir desse trabalho, a empresa conseguiu criar campanhas com grandes marcas e firmar a sua identidade. No evento, Clariza lançou o novo nome da agência. Agora, não mais focada apenas no universo da moda, surge a “Silva”. Uma marca com a “cara” brasileira e que traz na sua essência a vontade de impactar o mundo.




A resposta pode estar dentro da Caixa Na volta do almoço, foi a vez da colombiana Marialejandra Urbina diretora-executiva de Planejamento da Dieste Inc. Assim como os primeiros palestrantes do dia, Urbina também fez sua fala em inglês. Para ela, o essencial não é pensar e/ou sair fora da caixa, mas sim encontrar o propósito dentro da própria caixa, buscando a criatividade que há nela. Para conseguir os insights necessários, Marialejandra disse que um de seus segredos é utilizar a Roda das Emoções como uma forma de potencializar suas ideias. Uma forma de não apenas divulgar seu trabalho, mas reafirmar os seus ideias de negócio e propósitos.


Urbina ainda trouxe os elementos que ajudam no desenvolvimento do negócio. Entre eles, está a importância de detectar o problema, encontrar o propósito e o diferencial da marca, além de respeitar o contexto cultural em que o serviço está sendo feito. Para demonstrar isso, ela trouxe uma campanha tocante realizada com mães de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).


A realidade do assédio das agências de comunicação do Brasil - Ana Cortat e Ken Fujioka


A dupla Ana Cortat e Ken Fujioka realizaram uma pesquisa que mostra os números de assédio dentro das agências. O resultado do trabalho feito por eles é assustador e nos mostra que é preciso encontrar uma forma de acabar com este problema. Para Ken, o silêncio mantém o status quo e o medo não deixa as pessoas buscarem as medidas cabíveis. Se você quiser saber mais sobre a pesquisa intitulada 'Hostilidade, Silêncio e Omissão', fique ligado, pois o Nosso Mundo da Comunicação de hoje vai trazer tudo o que eles falaram sobre o estudo.


Representação além da fala Encerrando a primeira parte da tarde, foi a hora de um bate-papo sobre diversidade racial. No palco, Luci Cobalchini, vice-presidente do Grupo de Planejamento RS, conduziu a conversa com Felipe Rocha, representando o Grupo de Profissionais Negros na Indústria Criativa do estado (GPNIC), e os palestrantes Levi Novaes e Clariza Rosa, que voltaram ao palco.O mote do debate era a representatividade na prática.


Conforme Luci, o bate-papo foi pensado após o GP perceber que entre seus 12 participantes não havia negros. Foi a partir disso que Felipe trouxe o GPNIC para a conversa, explicando que o grupo nasceu como uma forma do negro se encontrar no mercado de trabalho. Hoje, o GPNIC é um espaço para o público para dividir, trocar e aprender. Para e Clariza, mais do que levantar a bandeira de causas sociais, é preciso fazer que elas realmente aconteçam, não apenas para evitar problemas. Destacando a inclusão e a cocriação, Levi reforçou a sua fala dada pela manhã. Para ele é olhando para dentro e pensando em como fazer para melhorar e ajudar o próximo. “Com cada um dando a mão para o outro é que conseguimos solucionar estas questões”.


Felipe ainda contribui para a conversa apontando que inclusão é um papel que todos devem desempenhar na comunicação. "Quando não convidamos essas pessoas para fazer parte de algo estamos, de fato, nos isentando". Segundo ele, não é estratégico não chamar pessoas negras para campanhas e trabalhos.


É preciso saber o seu propósito

A britânica e construtora de marca Senta Slingerland trouxe a importância de ter definições firmes sobre o negócio. No início, ela mostra que a dualidade está presente de forma geral em todo mundo, onde cada vez mais informação é divulgada e as pessoas conseguem se manter enraizadas dentro de seus ideais.


Foi a partir daí que Senta trouxe dados que mostram o crescimento das empresas mais criativas e convictas de seus papéis na sociedade. Estas empresas, segundo ela, podem atingir até 200% a mais de lucratividade em seus negócios, ou seja, ter um propósito de mercado é essencial para saber o que produzir, como produzir e para quem produzir.


Mas, mais do que apenas lucrar, os negócios devem trazer e saber dialogar com o social. Para exemplificar isso, Slingerland trouxe uma campanha da Lacoste que alterou o tradicional jacaré por animais em extinção. A ação deu tão certo que milhões em publicidade foram poupados e trouxe o debate sobre a preservação de animais em extinção mostrados na campanha da marca.


Se souber observar, até os signos jogam a seu favor


Encerrando o evento, subiu ao palco Marcela Ceribelli, fundadora da Obvious. A plataforma de narrativas femininas tem como missão produzir conteúdos que tragam novas representações de feminilidade. Atualmente, o perfil no Instagram da empresa já conta com mais de 150 mil seguidores e repost de pessoas como Madonna e Bruna Marquezine.


Na conversa, Marcela falou sobre a relevância de produzir conteúdos inspiradores e como isso auxilia na conexão entre a marca e o público. Durante um período, a publicitária estudou astrologia e, no momento certo, conseguiu implementar isso na Obvious. Com o exemplo, ela mostrou ao público que tudo pode virar conteúdo, se usado de forma correta. A publicitária também explicou porque optou por criar um Instagram para o seu negócio ao invés de um site. Segunda ela, a comunidade estava carente de conteúdos desse tipo. O investimento deu certo e os números provam isso. Atualmente, o perfil tem 14% de engajamento, bem acima do que é considerado muito bom (6%).


Assim como outros palestrantes, Marcela reafirmou a importância de entender a demanda do seu público. A Obvious, por exemplo, sentiu que era necessário investir em conteúdos sobre saúde mental, para combater o clima hostil das redes sociais. A publicitária também apresentou outros exemplos de editorias da empresa. Todos carregavam a identidade da Obvious, mostrando mais uma vez que saber se posicionar e entender o seu lugar no mercado é o que faz a diferença.





Fotos: Agex


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