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Professora brasileira é reconhecida mundialmente por projeto de robótica



O Global Teacher Prize tem como principal ideia valorizar professores em prol de uma educação de maior qualidade e que aprimore a profissão. Este ano, o vencedor foi Peter Tabichi, natural do Quênia. O professor disponibiliza 80% do seu salário aos alunos carentes, para que eles possam ver que "a ciência é o caminho certo" para ter sucesso no futuro. O Brasil teve uma finalista entre os 10 melhores nesta disputa que ocorreu no último fim de semana, em Dubai. O prêmio dá ao vencedor o valor de U$ 1 milhão.

Débora Garofalo iniciou cedo a arte de ensinar. Quando criança, pediu à mãe uma pequena lousa com giz de presente. Apesar de ser brinquedo, foi ali que a paulista passou a dar aulas aos coleguinhas com dificuldade de aprendizado na escola e começou a “exercer” a profissão. Hoje, aos 39 anos, sendo 14 dedicados a educação, Débora vê o esforço ser recompensado. Professora de escola pública desde o início da carreira, foi com um projeto simples que a vida dela e de seus alunos mudou.

Foi na Escola Municipal de Ensino Fundamental Almirante Ary Parreiras, na capital de São Paulo, que Garofalo e seus alunos transformaram o lixo jogado nas ruas das favelas da cidade em soluções para problemas da comunidade. O projeto intitulado "Robótica com Sucata" transformou garrafas pet, vidro e restos de fiação em filtro de água, semáforo, máquina de sorvete e até um sistema para substituir o gato elétrico em casas.

"Coletamos lixo das ruas das comunidades próximas à escola e fizemos um primeiro carrinho movido a balão de ar. Esse carrinho virou febre e, no dia seguinte, tinha criança do lado de fora me esperando com materiais recicláveis querendo fazer o carrinho", disse Garofalo à BBC News Brasil. Nos quatro anos do projeto, cerca de 700 kg de lixo foram retirados das ruas e transformados pelos alunos da escola paulistana. A ideia deu tão certo que o índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino, subiu de 4.2 para 5.2 na escola.

Em Dubai, nos Emirados Árabes, Débora ensinou a professores, pesquisadores, políticos e investidores o que as crianças já sabem. Em uma aula experimental, eles puderam ter a vivência na construção de um robô com canetas, pilhas, fios, dezenas de pequenos motores de brinquedo, cola quente, fita isolante e ferramentas. A meta era fazer o protótipo desenhar em um papel pardo estendido no chão. Após 12 minutos, alguns dos participantes não se continham em celebrar o funcionamento dos pequenos robôs.

Para ela, as escolas precisam "reinventar" a forma como o conteúdo é repassado, pois os alunos mudaram o modo de aprendizado. Agora, Débora retornará ao Brasil com o sentimento de dever cumprido e reconhecimento mundial pelo seu esforço em transformar a educação brasileira.



Foto: Fabrício Vitorino/G1

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