Impacto de Fake News é tema de palestra e debate para alunos de comunicação
As notícias falsas são, hoje, um dos grandes problemas do jornalismo, no Brasil e no mundo. Aliado a uma polarização política intensificada pelas redes sociais e uma descrença nas instituições tradicionais, encontrar uma forma de driblar essa situação não é fácil e entendê-la é mais complicado do que parece. Pensando na importância deste debate, o Diretório Acadêmico dos Estudantes da Ulbra realizou uma palestra com profissionais e estudiosas da área da comunicação na noite da última quarta-feira (13), no campus Canoas.
A palestra faz parte da programação da Calourada 2019/1, que inclui uma série de atividades voltadas para os acadêmicos de diversos cursos. O debate “Os impactos das Fake News na atualidade" foi realizado por Marília Gehrke, doutoranda no Programa de pós-graduação em Comunicação e Informação da UFRGS (PPGCOM/UFRGS) e Gabrielle Tolotti, Relações Públicas formada pela UFRGS, especialista em Cultura Digital e Redes Sociais, pela Unisinos. Cada uma delas trouxe um pouco de seus estudos e ambas apresentaram aos alunos a movimentação do fenômeno das notícias falsas.
Gehrke iniciou sua fala destacando e problematizando o uso do termo “Fake News”. Segundo ela, o termo correto seria desinformação. “Jornalismo pressupõe verdade. Apesar de comum, não podemos dar este status. Há uma reputação e ela é posta em xeque, junto com a credibilidade daqueles que fornecem as informações para o resto da sociedade”, disse. Marília ainda comentou sobre a situação política e como ela é um agravante para que estas falsas notícias sejam mais disseminadas. “Quando se tem representantes políticos que endossam esse tipo de atitude, se consegue um maior apoio. Não há compromisso com a verdade, a opinião pessoal está acima de tudo. O que for contrário ao que a pessoa acredita já, automaticamente, é tachado como fake news”, conclui.
Tendo como embasamento seu artigo “Marielle Franco e a Ascensão do Conservadorismo: Batalha Política, Fake News e Pós-Verdade”, Tolotti falou sobre a dinâmica das redes sociais como criadora de uma teia de relações que incentivam a desinformação. “As estruturas tradicionais estão desacreditadas perante a sociedade. Isso, aliado ao funcionamento dos algoritmos das redes sociais, influencia diretamente na criação de bolhas e intensifica a polarização. São câmaras de eco das próprias percepções”, declarou Gabrielle. Para ela, as fake news sustam posições políticas e ideológicas e são usadas como ferramenta na guerra política, em todo o lugar.
Para vencer este problema e buscar retomar a relevância do jornalismo para a manutenção da democracia, algumas medidas devem ser tomadas. Ambas as palestrantes concordam em alguns pontos como a punição para aqueles que agem desta forma, mas com cuidado, pois há uma linha tênue entre liberdade de expressão e censura. Outra ferramenta é a criação de cultura de checagem de fatos e a transparência na hora de passar a informação.
Fotos: Jean Monteiro
Comments