Exposição conta a história do futebol feminino no Brasil
O Museu do Futebol, em São Paulo, inaugurou nesta segunda-feira (27) a mostra “Contra-Ataque! As mulheres do futebol”. A exposição é um manifesto a favor da igualdade de gênero em campo. Ela antecede a Copa do Mundo Feminina, torneio que acontece na França a partir do dia 7 de junho.
Os relatos e registros começam na década de 30, quando os jogos femininos eram atrações de circo. As atrizes se vestiam com as camisas dos times mais populares para chutar a bola dentro das quatro linhas improvisadas. “Palhaças ou jogadoras?”, questiona uma das manchetes apresentadas na exposição, publicada no jornal O Imparcial, em 1941.
A segunda seção começa em 1940, quando o interesse pela categoria começou a aflorar. Na época, havia pelo menos 10 times amadores de futebol feminino no subúrbio do Rio de Janeiro. Em maio daquele ano, duas dessas equipes atuaram antes do clássico entre São Paulo e Flamengo. A decisão provocou um debate na imprensa e na sociedade. Uma carta foi enviada a Getúlio Vargas clamando pelo fim do futebol feminino. Em abril de 1941, foi instaurado o Decreto-Lei nº.3199. As mulheres foram proibidas de praticarem esportes considerados violentos à natureza feminina, alegando que podiam causar infertilidade, danificar o equilíbrio psicológico e sugerindo que era uma forma delas se exibirem. A prática feminina no futebol só deixou de ser proibida no Brasil em 1979.
Outro ambiente é composto por treze televisões que mesclam frases machistas e preconceituosas com grandes jogadas do futebol feminino. O espaço mostra também que essas ideias não são do passado. Uma das telas exibe frases ditas em 2019 nas redes sociais. “Seria mais atraente se elas usassem shorts mais curtos”, diz um dos comentários.
A exposição também contempla um pebolim feminino, tótens das dez jogadoras homenageadas, um grande álbum de figurinhas interativo, uma coleção de trinta camisas e um painel contando 16 diferentes histórias, com a ajuda de vídeos e objetos. A mostra ficará exposta até o dia 20 de outubro, com entrada gratuita às terças.
Fonte: Estadão