Pesquisa indica que os brasileiros param de descobrir novas músicas aos 23 anos
As descobertas musicais na juventude podem impactar não somente o gosto musical, mas também a personalidade de alguém. O serviço de streaming Deezer realizou uma pesquisa com 5 mil entrevistados no Brasil, Reino Unido, EUA, Alemanha e França. Os dados mostraram que, em média, aos 27 anos e 11 meses as pessoas param de descobrir novas músicas.
No Brasil, a idade é ainda menor. Em média, aos 23 anos e 2 meses. Porém, curiosamente, um ano antes disso, 81,5% dos brasileiros afirmaram conhecer pelo menos seis novos artistas por mês. O cenário muda com a chegada dos 23, em que quase metade declara que se sente preso a uma rotina musical, ouvindo apenas faixas que já conhece. Segundo o diretor geral do Deezer, Bruno Vieira, a explicação para isso é que quando somos jovens, vamos atrás do que todos estão ouvindo, mas com o passar do tempo formamos nosso gosto.
A pesquisadora Ananda Vargas Hilgert, que trabalha na tese de doutorado “Do passado que irrompe: ensaios sobre nostalgia, experiência e tempo na Educação”, afirma que o jovem é o alvo principal do mercado. Segundo ela, quem diz algo como “no meu tempo” não se sente fazendo parte deste tempo atual, mas de um que já passou. Segundo ela, as canções da juventude marcaram o último momento em que esse sujeito se sentiu contemporâneo.
A Soledad, consultoria de tendências, confirma a existência do movimento, que batizou de “newstalgia”. Rebeca de Moraes, diretora da empresa, afirma que o Brasil vive um momento de incerteza e, por isso, busca conforto em um passado já resolvido. Um dos exemplos citados foi o filme “Bohemian Rhapsody”, sobre o Queen e seu vocalista, Freddie Mercury, que está lotando as salas de cinema e mostrando o apego das pessoas pelas músicas passadas.
Um estudo realizado pela neuropsicóloga Amee Baird, da Maquerie University, na Austrália, mostrou que pacientes que sofreram danos cerebrais e perdas de memória, apresentam melhoras ao serem expostos a músicas que marcaram as suas vidas. A pesquisa afirmou que a música aciona amplas redes neurais, que incluem regiões responsáveis por movimento, emoções e criatividade.
