Palestra debate o crescimento do mercado afro-empreendedor
Durante todo o mês de novembro, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Ulbra (Neabi) está promovendo palestras em alusão ao Dia da Consciência Negra. Ontem à noite (21), o tema foi “O Crescimento do mercado afro-empreendedor: Vamos falar sobre black money?”. Mariana Ferreira dos Santos, diretora da Rede Nacional de Afro-empreendedorismo (Reafro) e Liliane Oliveira, idealizadora do projeto Maraia’s de Pano, foram as convidadas para debater o assunto.
Quem abriu a conversa foi a advogada e diretora da Reafro, Mariana Ferreira. Ao longo da sua fala, ela procurou situar os alunos presentes sobre a forma como o empreendedorismo surgiu para os negros. “Quando ocorreu a abolição da escravidão, muitos ficaram sem emprego e a única alternativa foi investir em profissões autônomas”, explicou. Ferreira também trouxe diversos exemplos de empresas que, segundo ela, “não conseguem enxergar o potencial do povo negro”. A advogada também mostrou campanhas publicitárias que sofreram duras críticas ao fazer apologia ao racismo. “Por que essas propagandas passam? Porque não tem diversidade nas empresas, principalmente na parte de comunicação”, afirmou a diretora. Para finalizar a sua fala, ela trouxe dados sobre o assunto. Segundo as informações, 36% da população negra tem intenção de abrir um negócio próprio, mas 57% dessas pessoas acreditam que vão sofrer algum tipo de preconceito ao realizar isso.
Após, quem assumiu o microfone foi a também empresária Liliane Oliveira. A estudante de psicologia não tinha o desejo de empreender, mas uma situação fez com que isso mudasse. “Algumas meninas se reuniram para eleger a ‘menina mais preta’ da escola, minha sobrinha foi a escolhida, a partir disso eu percebi que faltava representatividade”, explicou a palestrante sobre como foi o início de seu projeto. O Maraia’s de Pano foi a forma que ela encontrou para debater o assunto dentro de escolas, com crianças e adultos, mas de uma forma leve. As bonecas são confeccionadas com diferentes tons de pele e representam personagens como Ariel, Pinóquio, a Pequena Sereia e a Pretinha de Neve, carinhosamente apelidada pela empresária. “Quando uma criança negra vê que aquele personagem é parecido com ela, automaticamente ela se sente mais segura, representada e parte do meio”, explicou a palestrante. Porém, nem tudo são flores, Oliveira não tinha nenhuma experiência com o empreendedorismo e, por conta disso, afirmou que teve algumas dificuldades no início. A empresária também explicou que seu grande diferencial foi se ater aos detalhes. Segundo ela, apenas 3% das bonecas produzidas hoje são negras. Outra coisa que a psicóloga observou foi que tanto as crianças, quanto os adultos gostam de detalhes. “A boneca da Chiquinha, por exemplo, eu faço o casaco virado e explicou para os pequenos que ela não sabe colocar, por isso está assim”, contou a palestrante
Ao final da fala das duas convidadas, os alunos presentes puderam fazer perguntas. Um dos estudantes lamentou o pequeno número de ouvintes e comparou com outras palestras. Uma das professoras presentes também questionou o fato e incentivou a discussão do assunto dentro da academia. Até o dia 28 de novembro, serão realizadas ações em alusão a data. Para saber a programação completa, clique aqui.