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Ulbra recebe o projeto Sonora Brasil

O saguão do prédio 11 foi contagiado, na última quarta-feira (29), com a alegria e a música do “Samba de pareia da Mussuca”. O grupo veio de Sergipe e, com o apoio do Sesc, está viajando por diversos estados brasileiros para propagar a tradição nordestina.

Durante uma hora os alunos da Universidade puderam desfrutar do espetáculo cultural. O samba de pareia da Mussuca consiste em uma coreografia realizada por mulheres ao som de instrumentos tocados pelos homens. As canções são cantadas através de versos, proclamados por uma mestra, que são respondidos pelo coro de dançarinos. O figurino é bastante colorido e os tamancos, feitos de madeira e tiras de couro, chamam a atenção. Segundo Maria José dos Santos, integrante do grupo há 23 anos, o figurino é uma tradição que veio dos escravos. “Os vestidos coloridos cheios de babados são para remeter a festa junina e os tamancos são de madeira para que o eco do samba seja ouvido”, explica a dançarina.

Localizado em Laranjeiras, no Sergipe, o povoado da Mussuca é uma comunidade de remanescentes quilombolas que se empenha para manter as tradições herdadas de seus antepassados. O samba de pareia surgiu no local há 300 anos e é uma tradição de gerações. A dança teve início no tempo da escravidão, quando os escravos fugiam da senzala e iam para o quilombo. Como não podiam sair de lá para aproveitar as festas juninas, pois corriam o risco de serem pegos, eles criaram seu próprio São João.

Nadir dos Santos tem 71 anos e há 60 faz parte do grupo. Ela conta que sua paixão pela dança veio através do pai, um dos criadores de diversos sambas do grupo. “Eu sinto muito orgulho por estarmos tendo a oportunidade de viajar o país todo com a nossa tradição, esse grupo é a minha vida e estou muito feliz”, relata a anfitriã. Segundo Simone Luz Constante, agente cultural do Sesc Canoas, a receptividade do público está sendo ótima. “As pessoas ficam impactadas com o figurino que eles vestem, com o sotaque nordestino e tem sido muito gratificante poder divulgar esse trabalho e acompanhar esse grupo”, afirma.

O Sonora Brasil é um projeto temático desenvolvido pelo Sesc e tem como objetivo trazer ao público expressões musicais poucos difundidas que fazem parte da cultura musical brasileira. A cada biênio é beneficiada uma tradição de cunho literário, cênico e musical. Em sua 20ª edição, realizada entre 2017 e 2018, o projeto apresenta os temas “Na pisada dos cocos” e “Bandas de música: formações e repertórios”. Cada um deles tem a participação de quatro grupos.

A apresentação que ocorreu no saguão do Prédio 11 correspondia a temática “Na pisada dos cocos”. Segundo o material de apoio disponibilizado pela organização, o nome se origina pelo tipo de verso cantado pelos coquistas ou cantadores de cocos que atiram cocos, isto é, os versos. Simone explica que o Sonora Brasil é um concerto didático com um perfil educativo. “A medida em que vão apresentando a música, eles param e explicam a origem, como é a pisada, de onde surgiu, quem pratica e qual a diferença entre os outros cocos, tudo isso para contextualizar sobre a tradição”, explica a agente.

Através do projeto o grupo percorreu, em 2017, 52 cidades brasileiras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esse ano, já foram 30 municípios nas regiões Sul e Sudeste. As apresentações são sempre gratuitas e é distribuído um material de apoio com informações mais conceituais sobre a tradição musical. As próximas apresentações deste e dos demais grupos podem ser encontradas na programação do Sonora Brasil.

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