Estudante de jornalismo ganha Prêmio Pulitzer nos EUA
No dia 20 de abril, Mariel Padilla, uma estudante de mestrado na Escola de Jornalismo de Columbia, sentou em uma mesa com colegas, ouvindo a professora guiar uma discussão sobre encriptação de e-mail para mandar relatórios além de fronteiras. Alguns andares abaixo, membros da imprensa lotaram o World Room, ansiosos para assistir o anúncio dos ganhadores do Prêmio Pulitzer deste ano. Para Padilla, que se mudou da pequena cidade de Oxford, Ohio, para Nova York ano passado, só de estar próxima do evento já era emocionante.
— Eu sabia que estaria dois andares acima de onde estava acontecendo o evento — ela diz. — E me lembro de pensar: “Que legal, posso falar para as pessoas que estive no mesmo local em que os Pulitzers foram anunciados!”
Mal sabia ela que estava prestes a ser uma ganhadora do Pulitzer também.
Em julho, antes de iniciar seu curso na Columbia, Padilla estagiou no jornal The Cincinnati Enquirer. Ela deu seu início no jornalismo no ano anterior, em uma aula de reportagem na Universidade de Miami, Ohio, publicando suas histórias hiperlocais sobre a crise de drogas e seu impacto nas crianças.
Mas não foi um verão normal no Enquirer. Conforme a redação de 60 pessoas relatava uma história ambiciosa mostrando uma semana na crise de heroína em Cincinnati, Padilla, que havia decidido seguir a carreira de jornalista apenas dois anos antes, se encontrou no centro do que se tornaria a reportagem local ganhadora do Prêmio Pulitzer.
Com inclinação para reportagem criminal, Padilla (23) teve a tarefa de visitar a prisão do município todas as manhãs durante a semana de cobertura do projeto para organizar as centenas de mandados de prisão e destacar menções de opiáceo. Dali em diante, ela se deu a liberdade de criar uma tabela, documentando a hora, o local e a natureza de cada prisão relacionada a opiáceo que ocorreu durante esses dias, para os repórteres do Enquirer.
— Foi um esforço da redação inteira — Padilla lembra. — Havia duas ou três pessoas encarregadas apenas para organizar o horário. Tinham vezes que teriam pessoas marcadas, tipo, das 4 da manhã até as 10 da manhã. Foi muito intenso.
No final do projeto, apesar das exaustivas reportagens, houve brechas na cobertura, especialmente tarde da noite, quando a cidade desacelerava. Os dados Padilla coletou tornaram-se a principal ferramenta para preencher as brechas, fazendo com que a narrativa não fosse interrompida e revelando as desolações de uma epidemia que não dorme.
Publicada em setembro de 2017, a história, Seven Days of Heroin, levantou uma conversa nacional sobre a crise de opiáceo, refletida nas redações de todo os EUA.
Quase um ano após seu estágio, a história pareceu desconexa com a nova vida de Padilla em Nova York. — Eu não estava prestando muita atenção nas nominações, então nem sabia que fui nominada — lembra Padilla.
Mesmo quando descobriu que o Enquirer ganhou, ela não tinha certeza se seria incluída na lista de ganhadores. Mas uma mensagem do editor do Enquirer, Bob Strickley, confirmou:
— Eu estava em choque — diz Padilla. — Meus olhos ficaram arregalados e tenho certeza de que estava boquiaberta.
Ganhar um Pulitzer enquanto está na faculdade de jornalismo é como ganhar um Grammy enquanto está no coral da escola. Padilla diz que seus colegas brincavam sobre se ela precisava estar na faculdade.
— Isso definitivamente nunca passou pela minha mente — diz Padilla. — Tecnicamente, sou uma ganhadora do Pulitzer, mas estou apenas muito grata pelo fato de eles terem colocado os estagiários na assinatura do projeto. Ainda preciso aprender todas as coisas que estou aprendendo, e é por isso que a minha reação é de choque, eu acho. Ainda não acredito.
A experiência que mudou a vida de Padilla como uma jovem repórter no Enquirer é apenas um dos muitos méritos das redações locais, que têm historicamente servido como ponto de ingresso para jornalistas aspirantes.
— Minhas experiências no Enquirer [foram inestimáveis e] me preparam para estar aqui.