Nova descoberta reacende possibilidade de vida em Marte
Os cientistas pela primeira vez identificaram em Marte uma coleção de moléculas de carbono, usadas e produzidas por organismos vivos. Isso não prova que tenha existido vida em Marte. As mesmas moléculas de carbono, amplamente classificadas como matéria orgânica, também existem em meteoritos que caem do espaço. Elas também podem ser produzidas em reações químicas que não envolvem biologia.
Mas a descoberta, publicada na revista Science, é uma peça da quebra-cabeça de Marte que os cientistas há muito tempo têm procurado. Em 1976, dois veículos do Programa Viking da NASA conduziram os primeiros experimentos à procura de matérias orgânicas em Marte, mas nada foi achado.
“Agora as coisas estão começando a fazer mais sentido”, disse Jennifer L. Eigenbrode, uma biogeoquímica no Centro de Viagem Especial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, nos EUA, e autora do artigo na Science. “Ainda não sabemos a fonte delas, mas estão lá. Não são mais inexistentes.”
Os dados vêm do rover de exploração Curiosity da NASA, que estava explorando uma região onde havia um lago a 150 quilômetros da Cratera Gale, onde aterrissou em 2012. A descoberta mostra que matérias orgânicas podem ser preservadas perto da superfície marciana, sobrevivendo o bombardeio de radiação solar.
“É muito animador para a geologia de Marte e para a procura por vida”, diz Sanjeev Gupta, co-autor do artigo e professor de ciências terrestres na Imperial College London, na Inglaterra.
Um segundo artigo na Science adiciona questionamentos no enigma marciano sobre metano - uma simples molécula de um carbono e quatro átomos de hidrogênio - que poderia também ter um papel importante para descobrir se já houve vida lá e que pode ainda existir abaixo do solo até hoje.
Um grupo de cientistas liderados por Christopher R. Webster do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia, encontram que níveis de metano na fina atmosfera marciana são normalmente muito baixos. Mas dados coletados durante cinco anos relatam que os níveis sobem e descem, e as variações parecem seguir as estações marcianas.
O metano não dura na atmosfera marciana, já que é destruído rapidamente pela luz do sol e por reações químicas. Portanto, quaisquer quantias significantes lá hoje devem ter sido lançadas recentemente. O elemento pode ser criado por interações geológicas entre rocha, água e calor, ou pode ser produto de micróbios que soltam metano em seus resíduos.
Dois rovers que serão lançados em 2020, um da NASA e outro da Agência Espacial Europeia, irão buscar melhores rochas para estudar as matérias orgânicas. O rover europeu poderá perfurar alguns metros em rocha marciana, mais profundo que o Curisosity podia.
O próximo rover da NASA planeja colecionar rochas que serão trazidas para a Terra em uma próxima missão, em que cientistas poderão examiná-las com uma maior gama de instrumentos.