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Estudante com doença degenerativa conquista título de doutor na UFRGS

Formado em Psicologia, Cláudio Luciano Dusik de 41 anos, que sofre de uma atrofia muscular espinhal (AME) em estágio avançado, apresentou na tarde da quinta-feira passada (26) sua tese de doutorado na Faculdade de Educação da UFRGS. Intitulada “A interação entre interface cérebro computador e sujeitos com incapacidade motora grave para comunicação”, a tese também foi um tributo amoroso à mãe, a professora Eliza Arnold, 63 anos, pois o filho exaltou a sua inabalável persistência.

Dusink desenvolveu uma interface entre o computador e as pessoas com incapacidade motora grave, como a que ele próprio tem. Nessa interface a comunicação é feita através de piscadas de olhos. O objetivo é que possam, através de sinais cerebrais transmitidos por uma espécie de tiara com sensores acoplada à testa, digitar em um teclado apenas piscando os olhos. Os movimentos são transformados em letras, que formam sílabas e palavras, expressando desejos.

Por quase duas horas, o doutorando falou como se não tivesse nenhuma limitação. Com slides que exibiam a frase "Acredito, por isso existo", ao longo da apresentação o psicólogo relembrou sua trajetória de vida que, segundo os médicos, não deveria ter ultrapassado os sete anos de idade. Desde a dissertação de seu mestrado, cinco anos atrás, o seu quadro de saúde piorou, porém mesmo com as dificuldades, o doutor investiu, em seu mestrado eno doutorado, em áreas nas quais não possuía conhecimento para desenvolver seus sonhos em tecnologia assistiva.

Em seu estudo, Cláudio nomeou como D'Artagnan, Porthos, Athos e Aramis, personagens de Os Três Mosqueteiros, romance de Alexandre Dumas, os sujeitos de sua pesquisa, para resguardar a identidade dos pacientes. Em 2016, ele próprio tornou-se um dos avaliados e devido a um infarto e após uma traqueostomia que o impedia de falar, ele teve a chance de testar sua invenção no hospital o que o levou a chegar a conclusão de que sua pesquisa já estava contribuindo para a sociedade.

Com o lema dos mosqueteiros, Cláudio foi aprovado com A e três estrelas. Para os presentes, o doutor fez uma demonstração do equipamento que embasou sua tese, piscando para o teclado, escreveu: “pós-doutorado”, que será seu próximo passo. Ele ainda declarou: “Enquanto a pessoa continuar pensando e desejando, ela está ali existindo. Precisamos que todos nós, da área da ciência, sejamos ”um por todos e todos por um".

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