A revirada de olhos mais épica da China
Todos os anos, na China, ocorre o Congresso Popular Nacional. A cerimônia dura duas semanas e é conhecida por ser tediosa e cuidadosamente coreografada, onde líderes discursam e deputados aprovam políticas sem considerações, mostrando uma falsa democracia do país. Por isso, as perguntas dos jornalistas são batidas, roteirizadas e incrivelmente submissas. Porém, na terça-feira (13), quando o congresso já se estendia para sua segunda semana, uma das repórteres se cansou dos questionamentos desgastados.
Liang Xiangyi, do site de economia Yicai, se cansou da pergunta de mais de 30 segundos – o equivalente a uma eternidade em uma transmissão ao vivo – de sua colega de profissão. Em seu instante de desgosto espontâneo, um raro momento durante esse tipo de evento, ela se virou para trás, olhou a repórter de cima a baixo e revirou os olhos escancaradamente ao se virar para a frente.
Em alguns minutos, o acontecimento virou um meme. Diversos GIFs, imagens e vídeos foram feitos pelos internautas chineses, mas logo o governo começou a censurá-los. O nome de Liang se tornou o termo mais censurado no Weibo, uma rede social chinesa similar ao Twitter. A conta da repórter já tem mais de 100 mil seguidores, e continua crescendo, e várias pessoas enviaram piadas e comentários de apoio. Liang se tornou um ícone nacional, um símbolo que representa um sentimento que ninguém teve coragem de esboçar. Sua revirada de olhos representa uma revirada de olhos nacional, como muitos internautas comentaram. Tanta é a sua fama que camisetas e capas de celulares com o seu rosto começaram a ser vendidas em sites chineses como TaoBao.
No congresso desse ano, foi aprovada, unanimemente, uma medida controversa que remove os limites de tempo que um presidente tem para comandar o país,abrindo caminho para que o atual presidente da China, Xi Jinping, comande o país por tempo indeterminado. Também houve rumores sobre o governo chinês revogar as credenciais de jornalista oficial da repórter, mas nada foi confirmado ainda.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8T2g_FyqURA
Referências: NY Times e CNN