Aluno com deficiência visual promove atividade de imersão em apresentação de TCC
O Estudante de Administração Maicon Tadler, 24 anos, proporcionou uma experiência única na noite da última terça-feira, 11 de julho, quando o seu Trabalho de Conclusão de Curso foi aprovado pela banca examinadora. Na ocasião, o universitário compartilhou com outros 52 estudantes a experiência de uma vida no escuro.
Completamente vendados, os voluntários acompanharam por 20 minutos a exibição de slides contando apenas com um recurso de audiodescrição como referência. "Eu quis que as pessoas experimentassem a sensação de não enxergar e se colocassem na pele de alguém que é cego, como é o meu caso", conta o aluno que, ao longo dos cinco anos em que frequentou o bacharelado, aprendeu a reter informações sem o apelo de imagens.
O acadêmico, agora formado, entrou na Ulbra Canoas em 2012 com uma bolsa integral do Prouni. Tornou-se deficiente visual, aos 19 anos, e pensou em desistir de construir uma carreira e abraçar um futuro profissional, pois estava já sem estudar desde os 15, devido ao seu baixo grau de visão.
A estudante Pâmela Maia sentiu alívio ao remover a venda dos olhos. "Fiquei agoniada durante o tempo em que fiquei sem ver, mas o que o Maicon me proporcionou foi único e indescritível", garante a universitária, admirada com o estímulo proporcionado pela história de vida de seu colega. "Às vezes, encontramos empecilhos e dificuldades em coisas pequenas, por isso é tão bonito quando alguém supera as adversidades e conquista um objetivo", afirmou.
Tadler utilizou a audiodescrição para apresentar o TCC intitulado Desenvolvimento do Empreendedorismo em Pessoas com Deficiência Visual. "Logo que ingressei na faculdade, busquei conhecer melhor as tecnologias assistivas que eu tinha ao meu alcance, como a bengala dobrável e o sistema de leitura em braile. Foi nessa época que comecei a usar a audiodescrição para entender melhor vídeos e datashows exibidos pelos professores".
Conforme sua orientadora e coordenadora do curso de Administração, professora Adriana Capelão, trata-se de um recurso que pode ser melhor utilizado pelo corpo docente da graduação e da pós-graduação. "Acho que, agora, temos um espaço para que essas técnicas de inclusão acessível possam ser adotadas com mais frequência em sala de aula", enfatiza a educadora que percebe uma mudança na turma que participou da ação de imersão na sala 4 do prédio 6 do campus. "Tenho a impressão que todos entenderam como podem absorver mais o conteúdo das disciplinas do curso", avalou.
A Ulbra desenvolve há 16 anos o seu Programa Permanente de Acessibilidade (PPA), iniciativa que busca institucionalizar políticas de inclusão dentro do ambiente acadêmico da Universidade. Atualmente, o programa conta com o apoio de 15 profissionais, entre intérpretes de Libras, editores de materiais em Braille e ledores. Através dele, as necessidades de cegos, portadores de baixa visão, surdos e de indivíduos com mobilidade temporária reduzida ou deficiência física são atendidas. Interessados em conhecer as ações promovidas pelo PPA podem encontrar mais informações na página www.ulbra.br/canoas/acessibilidade
Fonte: ACS Ulbra